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segunda-feira, 27 de maio de 2013

"Tô triste"


- O que você tem?
- Tristeza.
- Mas...
- Sim, tristeza de olhar ao meu redor e não ver mais o mundo que eu amava, as coisas que eu amava, a vida que eu amava. Tristeza de ter que acordar pra viver nesse lugar horrível, cheio de pessoas e vazio de verdades. Me falta tanta coisa, e ao mesmo tempo me sobra muito, também. Não sinto vontade de trocar de roupa quando acordo, nem de pentear o cabelo, por isso eu saio assim mesmo, despenteada e amassada. Não vejo mais jeito, nem pra mim, nem pro mundo. As pessoas vivem de ego inflado, só querem vencer, magoar, impressionar. Se eu pudesse dizer às pessoas uma única coisa, eu diria: vivam, independente do que te disseram que é belo. Vivam pra si mesmos, enxerguem a beleza de um sorriso logo de manhã. Amem seus pais, liguem pra eles. Não deixem a tristeza tomar conta do vocês como ela fez comigo. Hoje sou cheia de mim e vazia de vida. Não suporto mais viver comigo mesma e isso me entristece enlouquecidamente. Queria voltar a ser criança, ter meus avós do meu lado, comprar kinder ovo com 1 real e ser extremamente livre das preocupações e tristezas que hoje me dominam. A vida não é mais engraçada como era, hoje todos dependem do dinheiro pra tudo, e isso me deixa triste. Essa é a minha tristeza, espero que você entenda. Me desculpe.

 

domingo, 12 de maio de 2013

Esperando


Aquelas horas em que o mundo poderia parar, que tudo faz todo o sentido. Se comunicam por olhares e sorrisos, gostam exatamente das mesmas coisas. Ele sempre tem a resposta pras dúvidas dela, sempre tem a solução pros seus problemas mais simples. Ela sabe exatamente quando fazer o carinho certo, nem que seja passar a mão no cabelo dele já necessitado de corte, mas não pra ela.
Sempre vão ao encontro um do outro, com suas particularidades, desde o jeito que se cumprimentam ao jeito que sorriem com uma alegria compartilhada. Ambos sabem sobre o sentimento que dividem, mesmo sem saberem exatamente qual é. E é como se qualquer um pudesse estragar, acabar com a ilusão, com a curiosidade, até eles mesmos. 
A verdade é que seus lábios nunca se tocaram. A vontade que aconteça talvez exista, aliás, é bem provável que exista. Mas talvez quebre o encanto. Então, por enquanto ficam assim: trocam abraços, confidências, gostos em comum. Brincam que têm um relacionamento fantasioso, fazem planos e inventam brigas da casal. Falando assim parece engraçado, essa espécie de cumplicidade. Não aprovam nem desaprovam, apenas seguem seus caminhos, tão juntos que poderiam ser o mesmo ser pelo mesmo caminho. De vez em quando se perdem, mas logo se encontram de novo. Simplesmente não conseguem resolver, e talvez nunca resolvam. Assim, com a dúvida de que um dia a vida resolva o que eles não conseguem.
Quando ela resolver, eu volto pra contar. Certamente com fatos mais verídicos e na primeira pessoa.