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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Onde?



Era como se procurasse por algo que não estava ali, nem ali nem em lugar algum. Acordava sempre assustada, por vezes no meio da noite, e ficava pensando, ouvindo os grilos, se perguntando se demoraria muito para achar um rumo, algo que a fizesse ter realmente vontade de sair daquela cama. Mas ainda assim saía, não lembrava nem de pentear o cabelo, mas encarava a manhã quente que estava ali esperando por ela.
Procurava pelas esquinas, debaixo dos carros, em cima das árvores, mas não estava lá. Ela não estava lá. Não havia mais nada. O olhar vago demonstrava exatamente o quão distante de si mesma estava, assim como quando se olhava no espelho (algo que vinha evitando há meses) e não reconhecia aquela estranha refletida ali. Poderia ser qualquer pessoa, menos ela.
Havia meses estava sentindo uma estranha vivendo ali, se sentia seca por dentro, como se nada mais fizesse sentido; as pessoas já começaram a comentar, mas ela não liga. Aliás, não liga pra mais nada, apenas para sua busca.
A incessante busca por ela mesma, por um rumo, algo que faça o mínimo de sentido. Algo que mereça atenção, perda de tempo, dedicação. Talvez esteja por aí, debaixo de alguma pedra, mas enquanto não se encontra, segue errante. Assustada sim, mas com o desejo de que a próxima manhã faça mais sentido e seja menos inquietante que a anterior.

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